Em 4 de julho de 1825, a embarcação Restauration partiu de Stavanger, na Noruega, levando 52 imigrantes noruegueses — posteriormente conhecidos como “sloopers” — em uma jornada em busca pela liberdade religiosa nos Estados Unidos. Depois de meses no mar e do nascimento de um bebê, eles chegaram à cidade de Nova York em 9 de outubro de 1825, marcando o início da emigração norueguesa organizada para os Estados Unidos.
Duzentos anos depois, uma réplica do Restauration partiu do mesmo porto em Stavanger, novamente em 4 de julho. A embarcação completou sua jornada transatlântica com uma chegada comemorativa em Lower Manhattan na quinta-feira, 9 de outubro de 2025 — 200 anos depois daquela data.
“As milhares de histórias que compõem dois séculos de emigração norueguesa para os Estados Unidos falam de esperança e decepção, sucesso e também desafios, mas, acima de tudo, são um testemunho de gerações de noruegueses que foram inspirados a buscar uma nova vida de liberdade e de possibilidades”, disse o príncipe herdeiro Haakon, da Noruega, durante a comemoração em Nova York após a atracação do Restauration.
O governo norueguês organizou a jornada comemorativa, mas os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias se juntaram à comemoração para lembrar os laços familiares com a Noruega e, para alguns, os antepassados que fizeram parte dos sloopers originais.
“Cresci sabendo que nossa ancestralidade era ligada à Noruega. Não sabia que eu era descendente dos sloopers originais”, disse Ivan Nelson, que se juntou às boas-vindas ao Restauration no Porto de Nova York.
“Era mais do que apenas um navio atracando. É parte da minha história, parte da minha ancestralidade. Há uma conexão espiritual ali”, disse Nelson.
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Usando o FamilySearch, um programa de história da família oferecido pela Igreja de Jesus Cristo, Nelson descobriu que tinha parentesco com quase todos os imigrantes do navio.
“Verifiquei um dos nomes e descobri que éramos parentes. Verifiquei outros, depois outros, e vi que eu tinha parentesco com todos. Havia dois [imigrantes] com quem eu não tinha parentesco. Entrei na conta [do FamilySearch] da minha esposa e vi que ela era parente dos dois de quem eu não era”, disse Nelson.
O élder Paul V. Johnson, presidente geral da Escola Dominical da Igreja, falou em um devocional em Nova York na noite anterior à chegada do navio e estava presente quando o navio atracou. Muitos de seus antepassados são da Noruega e ele serviu como missionário da Igreja na Noruega há 50 anos.
“A Noruega e seu povo [ocupam] uma grande parte do meu coração ― e ver essa conexão com este navio chegando (…), as conexões entre a Noruega e os Estados Unidos, e entre a Noruega e a Igreja de Jesus Cristo, tem sido uma experiência poderosa para mim”, disse o élder Johnson.
Muitos desses primeiros imigrantes se batizaram em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nos Estados Unidos. Muitos outros se uniram à Igreja na Noruega e depois navegaram para os Estados Unidos.
“Os primeiros santos noruegueses foram realmente fundamentais para o crescimento da Igreja. Eles vieram em uma época em que a Igreja precisava de força. Na verdade, se você observar, ao longo do primeiro século de crescimento da Igreja na Noruega, quase metade [dos membros] que se filiaram à Igreja na Noruega emigraram para os Estados Unidos e fortaleceram a Igreja”, disse o élder Johnson.
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Steve Washburn e sua família queriam prestar homenagem aos sacrifícios de seus antepassados que navegaram no Restauration original para os Estados Unidos.
“Estamos entusiasmados para ir a este evento porque duas das pessoas no navio — Kari Pedersdatter e Cornelius Nilsen — são meus tataravós, e eles embarcaram no navio há 200 anos com quatro de seus filhos mais velhos e fizeram a viagem para os Estados Unidos”, disse Washburn.
Para Olivia, filha de Steve, esse evento fechou um ciclo completo. Ela serviu como missionária da Igreja de Jesus Cristo na Noruega e estava em Stavanger, na Noruega, para a partida do navio em julho deste ano. Em outubro, ela testemunhou o barco atracar em Nova York.
“É muito especial celebrar nossos antepassados, que se sacrificaram tanto”, disse Olivia. “Isso me deixa muito grata pela jornada que o povo norueguês fez há 200 anos.”
Rolf Idar Isaksen, historiador norueguês da Igreja de Jesus Cristo, é grato pela comemoração desta viagem e pela oportunidade de lembrar os imigrantes.
“Esta tem sido uma oportunidade para sairmos mais da obscuridade”, disse Isaksen. “Temos um ponto em comum com nossos antepassados e queremos celebrar [esses imigrantes] que queriam liberdade religiosa. E essa é uma história que precisa fazer parte da história da imigração norueguesa.”
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Kjell Morten Ronaes, capitão do Restauration, é aplaudido por uma multidão que celebra a herança norueguesa enquanto a tripulação do navio é recebida em Nova York na quinta-feira, 9 de outubro de 2025, após uma viagem de 70 dias da Noruega pelo Oceano Atlântico.2025 by Intellectual Reserve, Inc. All rights reserved.O capitão do Restauration moderno, Kjell Morten Ronaes, ficou orgulhoso de fazer parte deste momento histórico. Depois de três anos de planejamento, três meses a bordo do navio e 70 dias em mar aberto, ele ajudou a embarcação a atingir seu objetivo.
“É emocionante. É grandioso para um norueguês comum como eu”, disse Ronaes. “Toda a viagem foi muito empolgante.”
Ele também espera que esse momento faça a diferença daqui para frente.
“Espero que [os participantes] sintam orgulho de conhecer o Restauration, de serem descendentes dos primeiros sloopers. Espero que sintam uma ligação com a Noruega, que somos todos um só povo e somos todos amigos.”